O trabalho de reflorestamento realizado pela Companhia de Limpeza de Niterói (Clin) no Parque Municipal da Água Escondida (nome da cidade de Niterói em tupi-guarani) foi destaque no programa da TV Globo, “Bom dia Sábado”, veiculado no dia 19 de julho.
Pela primeira vez, uma equipe de reportagem entrou nos túneis do aqueduto histórico da cidade, que ficam no interior do Parque e foram construídos há quase duzentos anos por pessoas escravizadas. A obra da segunda metade do século XIX levava água de uma fonte do Morro São Lourenço para toda a cidade, o que permitiu o crescimento da região.
O Parque é um verdadeiro oásis no coração da área urbana da cidade, com 62 hectares de mata preservada. Hoje, é cenário de um projeto de reflorestamento da Clin junto com a Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidade – SMARHS, que vem revelando nascentes antes soterradas.
Mais de 100 mil mudas nativas estão sendo plantadas para fortalecer o solo, proteger as minas da água e evitar erosão, como explicou o Engenheiro Florestal da Clin, Luiz Vicente: “a medida que estas florestas se desenvolvem, elas começam a proteger o solo e fazer com que a água se infiltre na terra, favorecendo a limpeza desta água e abastecendo o lençol freático”.
O Padre João Cláudio Loureiro do Nascimento é responsável por guiar historiadores e curiosos no passeio. Ele acompanhou a equipe da TV Globo, que desceu 10 metros terra adentro, onde o tempo parece ter parado.
“A lenda é que este local guardava um grande tesouro e muitos moradores queriam encontrá-lo aqui, um lugar místico, que exala o sagrado e que tem muita história para se estudar, conhecer e preservar”, disse Padre João.
As paredes dos túneis têm mais de dois séculos e foram construídas por pessoas escravizadas com uma antiga técnica romana de captação de água. Atualmente, o aqueduto faz parte de um projeto do parque e a água ainda abundante mostra que este sistema continua funcionando, sem a necessidade do uso de nenhuma máquina. Trata-se do único aqueduto do século XIX ainda em funcionamento no estado.
Conceição Ramos da Silva e Lucimar Dantas moram perto do Parque há mais de 60 anos e, segundo elas, o reflorestamento melhorou muito a qualidade de vida dos moradores da região. “Temos ar puro e a água aqui é muito boa”, afirmou Conceição.
As trilhas do lugar levam a outros patrimônios históricos, como a antiga Chácara do Vintém, a Igreja Nossa Senhora de Fátima e as ruínas do reservatório de água, no alto do morro do Boa Vista.
A matéria contou, ainda, com a participação do historiador da UFF, Henrique Barahona, que ressaltou como este trabalho de reflorestamento está contribuindo para o resgate histórico do local.
“História e natureza lado a lado. Cada pedaço do Parque da Água Escondida revela algo que parecia escondido e que agora volta a ter vida. História e meio ambiente caminhando lado a lado para que a gente possa aprender com o passado e projetar para o futuro”, concluiu Barohona.
