
A Companhia de Limpeza de Niterói ofereceu às colaboradoras da empresa, nesta terça-feira, dia 26 de agosto, uma roda de conversa com Luciana de Faria Alves – guarda-civil municipal, pós-graduada em Segurança Pública, gestora ambiental e coidealizadora do Programa Guardiãs Maria da Penha. A atividade faz parte da Escola Clin, que prioriza abordagens educativas e promoção de saúde entre os trabalhadores, e integra o ‘Agosto Lilás’, um mês de conscientização e combate à violência contra a mulher.
Luciana falou sobre Maria da Penha Maia Fernandes, símbolo da luta contra a violência doméstica, que dá nome a lei, sancionada em 2006, e que sobreviveu a duas tentativas de feminicídio em 1983, cometidas pelo então marido, que a deixaram paraplégica. Explicou como as mulheres podem fazer uso da lei e os tipos de violência: física, qualquer conduta que ofenda a integridade ou saúde corporal; psicológica, qualquer ação que cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que prejudique e vise a degradar ou a controlar as ações da mulher; moral, conduta que configure ataque à honra, à imagem, à reputação e à dignidade da mulher; sexual, qualquer procedimento que constranja a mulher a participar de relações sexuais não desejadas, que a force ao matrimônio, à gravidez ou à prostituição, por exemplo; e patrimonial, quando há retenção, subtração ou destruição total ou parcial dos objetos, instrumentos de trabalho ou valores das mulheres, para citar alguns.
“O Agosto Lilás marca esse momento de enfrentamento e conscientização sobre a violência doméstica. Estar nesse espaço da Clin e ver as meninas perguntando, se informando e falando a respeito das suas dores foi algo muito importante. Na Secretaria das Mulheres, a gente tem como premissa que toda a mulher de Niterói precisa saber que existe um equipamento para protegê-la, mas também para promover a autonomia econômica e financeira e que ela possa se sentir acolhida dentro do município em que elas trabalham. Então, foi fundamental essa conversa aqui”, afirmou a palestrante.
De acordo com a pesquisa ‘Visível e Invisível’, 37,5% das brasileiras sofreram violência no último ano (2024 – 2025). São 21,4 milhões de mulheres. 91,8% afirmam que a violência foi testemunhada por terceiros. No bate-papo foram destacados, ainda, outros assuntos, como o fato de mulheres com deficiência terem duas a três vezes mais chances de sofrer violência, de acordo com a Organização Mundial de Saúde de 2021, e que 70% das mulheres com deficiência já sofreram algum tipo de violência, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada de 2021.
A gari Tatiana Silva dos Santos, desde 2011 na Clin, adorou a programação do Agosto Lilás: “achei ótima a iniciativa. Muitas mulheres não têm conhecimento dos direitos que possuem. Vou conversar com as minhas amigas sobre esses recursos dos direitos das mulheres. Vou reproduzir para ajudar as outras”, disse.
A palestrante enfatizou a importância da sororidade e ressaltou também que há um ciclo de violência que começa com promessas de mudanças, carinhos, presentes e que depois vai para a zona de tensão, que é quando há insulto, intimidação e humilhação e segue para a explosão, culminando em atitudes como empurrões, tapas e socos. Tais comportamentos por parte do agressor podem trazer consequências sociais e econômicas para a vítima. Luciana informou sobre a rede de atendimento e os serviços não especializados e especializados existentes.
Marilza Nascimento, gari há quase quinze anos na companhia, entendeu a importância do assunto abordado como forma de orientação às mulheres: “Grande parte das mulheres ficam impotentes, com medo. Foi interessante esse debate, pois vai abrindo nossos entendimentos. Não podemos desistir”, concluiu.
Sobre o Agosto Lilás:
É uma campanha nacional de conscientização e combate à violência contra a mulher, realizada em agosto. Tem como foco a prevenção, proteção e informação sobre a violência doméstica e familiar. O mês foi escolhido em referência à Lei Maria da Penha, sancionada em 7 de agosto de 2006.


